cookie

Мы используем файлы cookie для улучшения сервиса. Нажав кнопку «Принять все», вы соглашаетесь с использованием cookies.

avatar

Raphael Machado

Больше
Португалия889Португальский8 993Политика11 490
Рекламные посты
3 226
Подписчики
+224 часа
-37 дней
+13930 дней

Загрузка данных...

Прирост подписчиков

Загрузка данных...

Dugin, ao descrever o "ser" do indo-europeu e depois de comentar sobre o simbolismo da "carruagem da alma" em Platão, se debruça sobre a figura do "centauro" como sendo o tipo humano no qual o elemento guerreiro se sobrepõe desmesuradamente sobre os outros elementos; a figura do cavaleiro, fusão entre homem e cavalo, é a absolutização do princípio heroico. Não é casual, diz Dugin, que o mito grego descreve muitos heróis clássicos como tendo sido educados e preparados por mestres centauros. De fato, um texto antigo perdido chamado "Os Preceitos de Quíron" (fazendo referência ao mais famoso dos centauros, Quíron, tutor de Asclépio, Aquiles e Jasão), constituiria uma espécie de "manual" de religião e ética para jovens gregos, que começava pelo "culto aos deuses eternos" e continua também orientações sobre conduta pessoal e virtudes. O centauro, portanto, ao mesmo tempo que era a exacerbação do elemento heroico-guerreiro, não deixava de conter uma dimensão filosófica quando ele preservava a sabedoria e o respeito pelo sagrado, e não se deixava dominar por sua dimensão animalesca. No mesmo sentido, tem um papel importante na cultura gaúcha a figura do "sábio", não raro um gaúcho velho e experiente que condensa verdades profundas sob a forma de lacônicos ditos populares. Seria possível explorar muito mais a figura do cavalo e sua relação com o gaúcho, mas esses pequenos comentários e alusões bastam para se perceber que para o gaúcho o cavalo não é um "pet" tampouco um mero "animal" qualquer, sendo propriamente "metade" do seu próprio ser. A salvação do cavalo crioulo de Canoas, portanto, pode ser vista como um bom augúrio para o futuro do Rio Grande do Sul e do povo gaúcho.
Показать все...
❤‍🔥 13 1
O circo armado em torno do cavalo recentemente resgatado em Canoas tornou inviável abordar antes de agora uma significância do resgate que escapa ao debate rasteiro sobre "cavalo ou humano", bem como a disputa idiota sobre "quem o salvou". Me refiro aqui à dimensão simbólica do cavalo e seu resgate; evento que, em minha opinião, contém o valor próprio de um "bom agouro", ou seja, de uma co-incidência favorável para o estado gaúcho. Se para muitos não gaúchos interessados na história do resgate, o cavalo em questão foi rebaixado praticamente à categoria de "pet" (daí, provavelmente, o nome "Caramelo" atribuído aleatoriamente a ele por certas celebridades intrometidas), para pensarmos a dimensão do resgate no imaginário gaúcho é necessário recordar que o cavalo crioulo é o animal-símbolo do estado do Rio Grande do Sul. Esse status público de animal-símbolo não é senão o reconhecimento de que existe algum tipo de vínculo fundamental entre o "ser gaúcho" e a figura do cavalo, o que é evidente para quem conhece a história e cultura do gaúcho enquanto "etnia". O filósofo argentino Alberto Buela, que não raro se debruça sobre o "gauchismo", comenta que o cavalo, e a cultura do cavalo, são elementos basilares do que ele chama de "ordem crioula", ou seja, o conjunto de valores e princípios que regem o imaginário gaúcho. O cavalo crioulo descende do rebanho equino trazido por Pedro de Mendoza para Buenos Aires no início do século XVI, e que foram soltos pelo pampa, rapidamente alcançando um tamanho de centenas de milhares e se espalhando do sul do continente até o Peru e o sul do Brasil. Essa expansão do cavalo crioulo foi fundamental para o surgimento da figura do gaúcho como atividade e identidade ao longo do século XVIII, a partir da mistura entre colonos ibéricos e índios guaranis, minuanos e charruas. O cavalo garantiu a mobilidade necessária para pastorear rebanho bovino pela paisagem horizontal do pampa, na rota do gado do atual Uruguai até São Paulo, tornando o gaúcho uma figura sinônima de "vagabundo", no sentido de "homem que vaga", não raro à margem da lei, como o Martín Fierro, de José Hernandez. O gaúcho, de fato, passava tanto tempo a cavalo, vivendo como nômade, que ele é simbolicamente associado ao centauro na literatura tradicional gaúcha - gaúcho e cavalo seriam um só ente indivisível. José de Alencar, por exemplo, diz: "O gaúcho tem um elemento, que é o cavalo. A pé está em seco, faltam-lhe as asas. Nele se realiza o mito da antiguidade: o homem não passa de um busto apenas; seu corpo consiste no bruto. Uni as duas naturezas incompletas: este ser híbrido é o gaúcho, o centauro da América". "Centauro do pampa" é como o gaúcho aparece em O Tempo e o Vento, de Érico Veríssimo, obra na qual também os gaúchos adquirem características espirituais e psicológicas atribuídas aos "equinos", o que vai tanto da "nobreza de caráter", "orgulho" e "altivez" até o "sangue quente" e certa "agressividade", e um caráter "viril" exacerbado. Esse caráter "liminar" do gaúcho, meio homem, meio cavalo, semicivilizado, semibárbaro, parece estar sincronizado com o próprio caráter liminar da vida de fronteira. A existência na fronteira, nos ermos descampados fronteiriços longínquos das metrópoles, sempre parece adquirir certos elementos em comum, da cultura do cavalo a um caráter beligerante, passando por uma espécie de nomadismo guerreiro. Alguns autores recentes já demarcaram, por exemplo, as semelhanças simbólicas entre o gaúcho e o cossaco, figuras míticas que ocupam papéis liminares transitando entre a figura do "herói" e do "rufião". Essa semelhança estepária do gaúcho é reforçada pelo fato de que por muito tempo o "rapto", geralmente por laçada, foi um dos principais métodos de "noivado" entre os gaúchos do pampa (eu particularmente conheci um camarada cujo avô casou com uma índia que ele havia laçado no pampa), e ainda hoje é um dos principais meios de noivado no Quirguistão e no resto da Ásia Central.
Показать все...
❤‍🔥 10👍 1
Recentemente alguém em uma rede social compartilhou um vídeo de um jovem marroquino dançando uma música de "funk carioca", e comentou que isso era expressão do "soft power brasileiro" no Terceiro Mundo, como algo positivo. Me parece haver uma confusão aí e essa confusão é a de achar que a internacionalização de um produto cultural plastificado representa algum tipo de "poder" e deveria ser motivo de "orgulho" nos casos em que o "BigMac" em questão for brasileiro. Isso, em parte, deriva da incompreensão da natureza do globalismo. O globalismo não é unilateralmente ianque. Muitos elementos de outras culturas também se desterritorializam e se internacionalizam de forma massificada. O funk não é um objeto cultural dotado de qualquer qualidade superior como expressão de nosso Ser nacional, mas um subproduto marginal da indústria cultural ocidental. A projeção cultural só é "poder" quando implica algo concreto nas relações internacionais, e a exportação de estrume subcultural não implica absolutamente nada. Talvez, inclusive, nos transforme em "alvo fácil". Explico: O mundo caminha na direção de uma reemergência de expressões da Tradição, com populismos conservadores ascendendo por todo o planeta. Quando o Brasil em vez de exportar cultura de qualidade começa a exportar lixo (sob os aplausos dos "nacionalistas"), no dia em que patriotas conservadores de outras nações ascenderem eles nos apontarão como "mau exemplo" e farão campanhas pelo "expurgo" de nossas exportações culturais de suas nações. O que, por sua vez, redundará em perda de "soft power". Basta pensar a conotação negativa que termos como "Coca-Cola" e "McDonald's" (e os substantivos abstratos neles fundados "coca-colonização" e "mcdonaldização") assumiram, e não apenas em meios de esquerda.
Показать все...
❤‍🔥 12👍 8
Hoje o sentimento anti-Globo é encontrado majoritariamente na direita. Um sentimento que se tem intensificado, inclusive, com a tragédia gaúcha. Mas é um sentimento anti-Globo amputado, caduco, dissonante. É um sentimento anti-Globo que concorda com tudo que a Globo defende em geopolítica e em quase tudo que ela defende de economia. Basta perguntar sobre temas como "Rússia e Ucrânia" ou "privatizações". A relação da esquerda com a Globo, por outro lado, tornou-se ainda mais tóxica, porque há nela uma espécie de rancor envergonhado que ela precisa sublimar, porque ela se vê (equivocadamente) constrangida a aceitar a Globo como aliada em tudo que envolve a crítica política nacional. Essa "parceria", porém, transborda e vaza, penetrando os poros do esquerdista, de modo que, sem nem ter consciência disso, o esquerdista médio brasileiro vão sendo gradualmente "fagocitado" pela moldura mental da Rede Globo. Esses embaralhamentos no tabuleiro político brasileiro são uma das causas pelas quais muitos esquerdistas estão virando "bots" progressistas "centristas", assumindo uma posição geopolítica cada vez mais "pelas democracias e contra os autoritarismos", e abandonando gradualmente uma antiga postura rígida contra as privatizações. É claro que isso tem outras causas e constitui um fenômeno internacional, mas a "abertura" para a Globo obviamente acarreta certos efeitos. O jovem militante esquerdista que 13 anos atrás disse "não falo com mídia corporativista burguesa" para uma repórter da Globo deve aparecer hoje aos olhos do esquerdista "geração Z" como um dinossauro stalinista, uma múmia de tempos tão distantes que chegam a ser incompreensíveis.
Показать все...
👍 14❤‍🔥 11
O Mundo Vota pelo Reconhecimento da Palestina - Mas Por Que o Mundo é Impotente para Parar Israel? Hoje a Assembleia Geral da ONU votou majoritariamente pelo reconhecimento da Palestina como Estado soberano, o que, porém, ainda não representa o alcance do objetivo de reparação do erro histórico da ausência desse Estado entre o rol das nações. É que a decisão final cabe ao Conselho de Segurança da ONU, que conta com os EUA entre seus membros; país que, há décadas, tem se comportado como "golem" do sionismo nas relações internacionais. A Palestina, que até então era apenas "observador da ONU", recebe agora alguns direitos adicionais, estando impossibilitada apenas de votar na Assembleia Geral e de indicar membro para os assentos temporários do Conselho de Segurança. A votação, naturalmente, é uma "censura" pela invasão de Rafah, região de Gaza que acumula mais de 1 milhão de civis palestinos, espremidos e com poucos suprimentos. A invasão tem como finalidade avançar com a limpeza étnica de Gaza, tornando a existência ali insuportável para que os palestinos deixem suas terras ancestrais para ir para o Egito, para a Europa e outras partes do mundo (o que, por sua vez, causará desestabilização em vários países). Do alto de sua arrogância o representante do "povo eleito" na ONU reagiu de maneira histérica, desesperada e desequilibrada, como uma criança mimada sendo contrariada, chegando ao ponto de triturar a Carta das Nações Unidas - um ato que não faz senão demonstrar de maneira "gráfica" o desprezo que Israel tem pelo Direito Internacional. É impossível entender Israel e a mentalidade de sua elite sem absorver que, na opinião deles, há leis para os "goyim" (nós, o gado) e leis especiais e excepcionais para eles, os "eleitos" (na verdade, pela Cabala [especialmente em suas versões antinômicas], propriamente "portadores" de Deus). É por isso que, para eles, é inaceitável que se queira submeter as suas ações ao mesmo crivo ao qual as ações de outras nações são submetidas. Não obstante, apesar de votações, críticas e condenações, além de algumas rupturas comerciais e diplomáticas, a maior parte do mundo observa imóvel a limpeza étnica em questão. Naturalmente, a atitude é particularmente vergonhosa em se tratando dos países árabes vizinhos, os quais, excetuando o Hezbollah libanês e outras milícias árabes associadas, nada fazem contra Israel (ou até colaboram com ele, como a Jordânia). Da parte dos países árabes isso se dá porque as suas elites são traiçoeiras, apaixonadas pelo ouro ocidental, postas no poder pelo Reino Unido. Algumas dessas elites (não raro maçônicas), inclusive, transformam os seus palácios presidenciais (ou reais) em prostíbulos, enquanto propaganda o salafismo mais fundamentalista para a plebe. Mas há também um motivo que não pode ser esquecido. Como já apontado por alguns analistas, lidar com Israel é difícil por ser um país afetado por um caso extremamente desconcertante de psicopatia coletiva. Essa psicopatia coletiva, associada a um profundo narcisismo, não só facilita o genocídio mas está, também, por trás da Opção Sansão. A Opção Sansão, ainda não suficientemente divulgada, é o projeto israelense de tentar iniciar um holocausto nuclear caso, atacando inclusive alvos europeus, em caso de grande derrota militar, independentemente de qual seja o exército inimigo.
Показать все...
👍 27👏 1
https://youtu.be/FU6UwIVbwjQ?si=KOD93lPUTeNWVWfh Por que partes de países se separam para constituir outros países? Será que isso pode acontecer com o Brasil? E se acontecesse, seria para o benefício de quem?
Показать все...
Separatismo: Autodeterminação ou Globalismo? | Pílulas Vermelhas #128

Por que partes de países se separam para constituir outros países? Será que isso pode acontecer com o Brasil? E se acontecesse, seria para o benefício de que...

👍 10
Ontem alguns zumbis atlantistas comentavam que "não havia tanques na Parada da Vitória", rindo e se achando muito espertos, por sua "sugestão" de que a Rússia não tinha tanques porque a Ucrânia teria destruído 6 milhões de blindados já. Bem, hoje sabemos o porquê de haver poucos tanques em Moscou. Eles estão entrando em Kharkov. Há algumas horas a Rússia deu os primeiros passos de uma operação em Kharkov (e que talvez envolva também Sumy) saindo diretamente do território russo de Belgorod. Depois de horas de preparação pela artilharia russa, as unidades de reconhecimento russas já avançaram sobre Kudiyevka, Goptovka, Strelechye, Krasnoye, Borisovka e Gatishche e a Ucrânia já evacuava outras cidades próximas. As forças principais, em número de 50 mil, ainda estão dentro do território russo, e provavelmente só entram em ação após o estabelecimento de uma faixa de amortecimento pelos russos. Em primeiro lugar, essa operação tem como finalidade principal aumentar a "gordura" de proteção das fronteiras russas, dando maior grau de proteção aos civis russos de Belgorod e de outras cidades fronteiriças. Mas essa operação também reforça todas as análises prévias que fizemos ao longo dos últimos anos: que a Rússia não pretende abrir mão de Kharkov em circunstância alguma e que muito provavelmente os russos pretendem avançar, no mínimo, sobre toda a margem direita do Rio Dnepr antes de até mesmo levar a sério quaisquer negociações de paz.
Показать все...
👍 20❤‍🔥 6
Se pela via esquerda tem-se usado narrativas como "racismo climático", "a culpa é do agro" e "falta demarcação de terras indígenas" para desviar e confundir a busca pelas causas da tragédia gaúcha, pela via direita se parece ter selecionado o "HAARP" e o "sacrifício satânico". Em certo sentido, todos esses tipos de narrativa, e não só os da "direita", operam por uma espécie de "pensamento mágico", supersticioso, em que não se sabe bem como explicar de forma metódica, consistente e demonstrável o evento a partir das supostas explicações, mas espera-se que o público acredite nelas porque essas explicações ou atendem aos requisitos do moralismo contemporâneo, que vive de admoestações, expiações e sinalizações de virtude, ou simplesmente às várias formas da esquizofrenia pós-moderna crescentemente comum. Os dois caminhos explicativos não servem senão para que os liberais, de esquerda ou de direita, possam encobrir a realidade mais simples e óbvia da falta de investimentos públicos em obras de engenharia hidráulica em um lugar particularmente sensível a enchentes. Essas explicações "mágicas", vejam, não demandam nenhum tipo de investimento específico do Estado brasileiro, nenhuma ação concreta de manipular o espaço em nosso benefício de maneira planejada e sensata. Elas demandam, em alguns casos, "transformações morais", em outros "leis" presenteando uns e outros grupos com bens ou benefícios, em ainda outros elas nos pedem que façamos absolutamente "nada" porque "não há alternativas" e "está tudo dominado". São, portanto, as armadilhas convenientes de uma era apaixonada pelo niilismo e pela sofística, carente do vigor necessário para encarar problemas reais e solucioná-los com objetividade.
Показать все...
13👍 9 1🔥 1
https://youtu.be/l0P6s2hpSoQ?si=MVwo8xSNBneeCTr4 Por que o Brasil é parte de uma civilização continental ibero-americana, e não de uma civilização "ocidental", "brasileira" ou "lusófona".
Показать все...
O Brasil e a Civilização Ibero-Americana | Pílulas Vermelhas #127

Por que o Brasil é parte de uma civilização continental ibero-americana, e não de uma civilização "ocidental", "brasileira" ou "lusófona".___________________...

👍 8
Os números oficiais das enchentes no Rio Grande do Sul falam em 107 mortos, mas esses números são integralmente enganosos. As águas não baixaram, a lama ainda cobre milhares de residências no estado todo, há pelo menos dois municípios integralmente soterrados, mais de 400 cidades foram afetadas, de modo que os números reais, inevitavelmente, alcançarão patamar bem maior. As pessoas de fora do estado ainda não tomaram consciência da proporção do evento, e tem até gente achando que o "governo federal já está ajudando demais" ou que "os gaúchos estão exagerando". Aliás, o fato de que toda a mídia estadual se concentra em Porto Alegre contribui para essa noção de que "foi só em POA" ou que "o pior foi em POA", quando o pior cenário se deu muito longe da capital. Esse é um tipo de trabalho, aliás, que levará um longo tempo para ser feito. Ainda estaremos contabilizando mortos e desaparecidos por semanas, talvez meses. Mas é fácil compreender o motivo pelo qual os números reais de mortos são mantidos baixos e não se fala em estimativas. Politicamente não faz boa figura falar em centenas ou mesmo milhares de mortes. Para todas as instâncias do poder no Brasil, é melhor trabalhar com o menor número possível e, se possível, atribuir o evento a todas as causas imagináveis, do "racismo ambiental" ao "HAARP", passando por "falta de demarcação de terras indígenas" e "aquecimento global", além de "falta de dinheiro". Menos à decisão consciente, tomada por todos os governos, de todas as instâncias, dos últimos anos, de não investir, não fazer obras, porque investimento público é anátema.
Показать все...
25👍 6 3