┕━☽𝐌𝐨𝐨𝐧𝐟𝐢𝐜𝐬 • ❍

As mãos grandes do rei pousaram nos ombros da garota, fazendo-a arrepiar. Mas, ao mesmo tempo, a sensação era boa e a fez imaginar muitas coisas que poderiam acontecer após esse casamento. Tais pensamentos a fizeram estremecer e corar. — Você acha que o fato de ser pobre diminui seu valor, seu caráter ou suas qualidades? Acha que isso a torna menos capacitada para viver seus sonhos? Acha que sua pobreza diminui o interesse que tenho por você? Aquelas palavras estavam enchendo o coração dela de ternura. — Eu posso até ser o rei, mas pode ter certeza que meus pais me criaram bem o suficiente para saber que o dinheiro não importa quando a minha felicidade e a de outra pessoa está em jogo. Ele sorriu e parou por um instante, olhando no fundo dos olhos de sua futura esposa. Encontrou brilho em seus olhos e percebeu que a estava deixando feliz. Kim Namjoon teve uma boa educação e uma boa convivência com a família. Sempre via seu pai sendo um perfeito cavalheiro com sua mãe, então quis ser igual. Dizia para si mesmo que, quando encontrasse uma mulher para confiar, lhe daria até o mundo inteiro se pudesse. — Quero que se sinta segura comigo. Quero que confie o suficiente em mim para me contar as coisas que passam na sua cabeça e no seu coração. Vou me esforçar para que você e seu irmão tenham uma vida confortável. Ela sorriu, totalmente perdida na beleza do que a segurava e acalentava. Então, como uma eterna adolescente que era, teve uma ideia genial: — Vai me deixar... treinar com seus soldados? Sabe, eu sempre gostei muito de espadas, então... — Claro! Além de rainha, será uma ótima guerreira, S/N. Percebi isso quando pôs as mãos naquela lâmina pesada e foi isso que me deixou bobo. – Uma das mãos de Namjoon toca a bochecha dela. – Quero que me faça companhia em todos os momentos, até mesmo nas batalhas. — Farei isso com todo prazer! – Ela disse, fervorosa. — Só que não pode se expor muito ao perigo, ok? Vou lhe proteger a todo custo. — Certo, certo. Mas a parte boa é que eu vou poder ficar no campo de batalha junto com todo o exército real. — É uma espécie de sonho, moça? — Era, porque agora sei que vai se realizar. Tímidos, os dois sorriem. Por fim, seus rostos se aproximaram lentamente e seus lábios se encontraram num beijo delicioso e cheio de ternura. Quanto mais os segundos se passavam, mais desejavam a boca um do outro. O rei sentiu a necessidade de chegar mais perto, de grudar seu corpo no dela, e foi o que ele fez. — Acho que fiz a escolha certa. – Ele disse, logo após o beijo. — Eu também. E olha que eu pensei que você fosse um velho feio, barrigudo, peludo e viciado em cerveja. Kim Namjoon soltou uma gargalhada tão alta que preencheu toda a sala e os ouvidos de S/N, fazendo-a rir também. — Me senti um pouco humilhado. Mas, acho que a última parte tem um porcento de verdade. — Não quero ter que cuidar do senhor bêbado, Vossa Majestade. — É claro que isso nunca vai acontecer, minha rainha. — Do que me chamou? — Minha rainha. Por quê? Algum problema? — Não, claro que não. Eu só achei... lindo. — Você é linda! Ela não se conteve com o elogio e sorriu, envergonhada. Namjoon a observava com os olhos brilhando e com as covinhas à mostra. — Agora, vamos dormir. Temos que cuidar dos preparativos do nosso casamento. — Como assim? Já tem data marcada? — Não, mas como está mais feliz, imaginei que quisesse casar comigo logo amanhã. — E o que te fez pensar isso? — As vozes da minha cabeça. Primeiro, S/N lança um olhar esquisito para Namjoon, depois, os dois começam a rir alto de novo e vão na direção do quarto. — Eu sou um cara apressado. S/N, pela primeira vez, se sentiu orgulhosa de si mesma. Orgulhosa por ter sido ela mesma desde o início e por ter encontrado um homem tão simpático como Namjoon. Agora, ela pode encher o peito de ar e dizer para seus falecidos pais que a filha deles vai ter uma boa vida porque ela vai casar com o rei de Targaryen.

O homem estava realmente feliz. Sempre quis que sua esposa fosse uma guerreira como ele, para lutarem juntos pelo seu povo, mas nunca imaginou que seu sonho fosse se realizar. Porém, quando viu S/N gesticular daquela forma no meio das pessoas, na sua frente, ele conseguiu se imaginar vivenciando tudo ao lado dela. Ele se ergueu e lhe entregou um anel de rubis, parecido com o dele, só que mais fino e delicado, beijou sua mão e disse: — Sorria para mim, minha rainha. E ela não pôde negar o pedido. Sorriu e pulou em seus braços com tanta alegria que nem ela mesma sabia explicar. Pensou em como o seu irmão ficaria feliz em saber que ela foi escolhida e sentiu um nó se formar na garganta. — Vossa Majestade, eu... — Se vai me dizer que não sabe o que me falar nesse momento e nem sabe como me agradecer, não se preocupe. Logo saberá. – Ele sorriu. Fofo. – Mas, quando estivermos a sós, não admito que me chame assim. - Namjoon sussurrou em seu ouvido, o que a deixou arrepiada. S/N ficou estarrecida com o acontecimento e todos ali também, principalmente as outras moças que estavam lá. Namjoon ergueu a mão direita, dispensando-as, e quase todas saíram batendo os pés no chão com força. S/N só conseguia pensar nos entes queridos que se foram e em seu irmão. Estava tão feliz, tão satisfeita que queria sair correndo dali para dar a notícia. Queria correr para os braços de seu irmão para contar que conseguiu. Após minutos tentando se recuperar da emoção, ela falou: — Eu quero lhe pedir uma coisa. - O homem ficou calado, esperando que ela continuasse. - Quero que meu irmão venha morar conosco. Namjoon a olhou por um breve momento e sorriu. — Jungkook pode buscá-lo agora mesmo. – Namjoon chamou o mais novo, que correu até ele. – Jeon, meu amigo, preciso que traga meu cunhado para cá. Ele morará aqui. — Sim, Vossa Majestade. Estou indo imediatamente. - O rapaz se curvou e saiu às pressas. Ao anoitecer, o recém casal já estava esperando por Jeon e Yoongi. S/N andava de um lado para o outro, roendo as unhas ou mordendo os lábios, o que causava divertimento em seu novo futuro marido. As grandes portas se abriram e S/N correu ao ver seu irmão, que correu também ao seu encontro. Ele rodopiou com ela nos braços e falou coisas bonitas. Agradeceu a Deus por esse momento e, então, foi cumprimentar o rei. — Seja bem-vindo, cunhado. A viagem foi tranquila? — Sim, Vossa Majestade. Muito obrigado pela gentileza, nem sei como agradecer. — Ora, não precisa. Eu quem deveria agradecer por ter aceitado morar aqui. Espero que se sinta em casa. – Namjoon disse, sorrindo largamente e tocando o ombro de Min Yoongi. – Se quiser, já pode ir até o seu quarto. A viagem foi longa e você precisa descansar. Mandarei alguém lhe levar comida, está bem? — Não, Vossa Majestade, não precisa. Eu mesma levo. Meu irmão e eu precisamos conversar. — Conversar? Nós dois? Ah, irmãzinha, eu estou me sentindo cansado. Por que não conversamos amanhã, hum? — Como assim, Yoongi? Discretamente, o rapaz vira o rosto e diz ao pé do ouvido de S/N: — Se preocupe com seu futuro marido agora. Eu estou bem. – Depois, se voltou novamente para o rei e sorriu, agradecido. – Obrigado, meu rei. Peço permissão para me retirar. S/N ficou abismada com o fora que levou do próprio irmão e ficou olhando para ele com os braços cruzados e as sobrancelhas arqueadas. — Fique à vontade. – O mais velho responde, sinalizando para que um guarda acompanhe o rapaz e ajude com as malas. Quando Min desaparece no corredor, S/N olha para os lados, sem jeito. — Não me parece muito feliz em saber que será a nova rainha, senhorita...? — S/N. — Senhorita S/N. — É claro que estou. Só estou preocupada com o fato de eu ser uma garota pobre e que nunca teve uma responsabilidade tão grande quanto essa. Terei que cuidar do reino inteiro com o senhor e não faço a menor ideia de como fazer isso. Namjoon se aproxima lentamente. — Posso tocar em você? A pergunta paralisou o corpo de S/N, mas ela assentiu.

Quem a levou foi o próprio homem que a acompanhou na viagem, o que a deixou feliz. Ela finalmente perguntou seu nome e ele respondeu "Jeon Jungkook, muito prazer. E não se preocupe, a senhora está deslumbrante!". Aquelas palavras afagaram o coração de S/N. Parecia até que ele tinha lido seus pensamentos anteriormente. Então, disse para si mesma que, mesmo que o rei seja um velho barrigudo e rabugento, ele a escolheria. Infinitas paredes e pilastras de concreto se erguiam ao longo do castelo e S/N se perguntava quanto tempo tudo aquilo levou para ser construído. O rei parecia ser um apreciador de arte, já que haviam muitos quadros pendurados nas paredes e, embaixo de todos eles, haviam informações sobre os pintores e de quais épocas eram. S/N ainda caminhou bastante pelos corredores. Tudo era tão silencioso. As únicas coisas que faziam barulho eram seus saltos e a armadura do cavaleiro. Ela se viu olhando para ele novamente. Mesmo que o homem a tenha dito poucas coisas durante as infindáveis três horas, o pouco que disse foi o suficiente para S/N saber o quanto era simpático. Quando os dois pararam em frente a duas gigantescas portas de madeira, Jeon pegou seu casaco de pele de volta e lhe desejou sorte antes de entrar. Um homem disse em voz alta que todas as moças já estavam presentes e que Jeon trouxesse o rei.  Novamente, S/N se sentiu nervosa. Imaginou que ficaria com um velho feio (se ele a escolhesse, é claro), gordo, mal educado, peludo como um urso e viciado em cerveja. Mas se isso fosse deixar sua família feliz, ela o faria. Então, sem que ela percebesse, Jungkook já estava caminhando para o trono com um homem muito lindo ao seu lado. Era alto, tinha a pele naturalmente bronzeada, cabelos e olhos castanhos e a boca carnuda. A calça de couro negro delineava suas coxas musculosas, os ombros largos sustentavam uma túnica toda feita de pele de animal, a qual também cobria boa parte de seu corpo e impedia que S/N visse o que mais ele vestia. Sua aparência era de um homem de cerca de 26 anos, o que a levou a estranhar. Ah, deveria ser o príncipe. Mas ela nunca soube que o rei Kim Namjoon tinha algum filho. O homem que havia falado mais cedo com Jeon, avisou a todas as moças que uma a uma se apresentaria ao rei apenas fazendo uma reverência e voltando para o seu lugar. "Como assim? Esse é o rei?", S/N pensou quando o viu sentar-se no trono adornado com pedras preciosas. Ela se assustou e o medo tomou conta de si. Viu as moças se aproximarem e reverenciarem o homem, segurando o vestido. Lembrou-se que seu irmão fez de tudo para que ela fizesse esse gesto da forma mais delicada possível e, quando chegou a sua vez, ela travou. — Está tudo bem, moça? – Jeon perguntou, com a expressão um tanto preocupada. Seu coração acelerou ainda mais do que já estava e ver sua Majestade de tão perto assim lhe deixou aflita. Era um homem muito bonito. Bonito demais para escolhê-la como rainha. Quando finalmente conseguiu se curvar, S/N quase voltou correndo para onde estava. O rei tinha um olhar superior e uma expressão séria, mas, na verdade, era um amor de pessoa. Só que ninguém sabia desse seu lado, apenas os mais próximos. Ele manteve uma carranca até todas as moças ficarem quietas. Então, Namjoon decidiu fazer um teste: — Quero que me tragam uma espada para cada moça que está aqui. Elas se entreolharam. Umas estavam surpresas, outras confusas e S/N demonstrava essas e outras emoções ao mesmo tempo. Primeiro, ela pensou "Como assim uma espada?", depois "Caramba... uma espada! Mas, pra quê?". O misto de emoções borbulhou em sua barriga. Só então ela caiu em si, percebendo veria, pela primeira vez, as espadas do exército real. As espadas que ela queria tanto tocar um dia. Desde que foi morar com seu falecido tio, tanto Yoongi quanto S/N passaram a gostar de armas. Sabiam de tudo que os soldados costumavam treinar, pois o homem que os cuidava fez questão de ensiná-los.