Bruno Amaral de Carvalho // Donbass

As forças ucranianas atacaram Lugansk esta manhã, provavelmente com mísseis norte-americanos ATACMS. Há muitos feridos e vários mortos, incluindo crianças.

Há alguns dias, pareceu surpreendente que a associação ucraniana extremista liderada por Pavlo Sadokha não conseguisse mobilizar mais do que meia centena para receber Volodymyr Zelensky. É ainda mais surpreendente se pensarmos que é a segunda maior comunidade imigrante em Portugal com cerca de 120 mil pessoas e que essa organização não conseguiu mais do que aqueles que protestaram contra a apresentação do meu livro em Lisboa. Agora, Pavlo Sadokha, activista ucraniano de extrema-direita e militante do PSD, vem queixar-se do mesmo nas redes sociais e acusa milhares de compatriotas seus de preferirem estar em grupos russos nas redes sociais. A leitura é óbvia. A comunidade ucraniana em Portugal é heterogénea, não pensam todos da mesma maneira, têm diferentes posições sobre a guerra e não concordarão com as atitudes extremistas de uma associação que pretende perseguir pessoas e censurar livros.

Em Kherson, a mobilização forçada de homens para o exército ucraniano provocou protestos. Há cada vez mais indignação em toda a Ucrânia com a forma como se obriga homens a combater contra a sua vontade.

Zelensky deu uma entrevista ao Guardian em que reafirma que negociações neste momento são irrealistas. Qual é mesmo, então, o objectivo da Conferência da Paz? Fingir que se está a tentar alcançar a paz sem falar com a Rússia para apaziguar o cansaço de quem está farto da guerra?

Deputados e jornalistas ucranianos denunciam censura e interferência por parte do governo de Volodymyr Zelensky.

São imprevisíveis as consequências da luz verde de países como os Estados Unidos e a Alemanha ao uso de armas suas contra território da Rússia mas é provável que Moscovo autorize que outros países usem armas suas contra bases norte-americanas e europeias no mundo, incluindo, naturalmente, o Médio Oriente e África. O certo é que isto representa uma escalada, mais um passo em direcção a uma guerra a larga escala. Recordo que quando os Estados Unidos instalaram mísseis nucleares na Turquia, em 1961, a União Soviética respondeu com a instalação de mísseis nucleares em Cuba. Foi assim que os Estados Unidos acabaram por ceder e retirar os mísseis nucleares da Turquia em troca do mesmo por parte de Moscovo. Autorizar países terceiros a atacar tanto a Rússia como os Estados Unidos ou a Alemanha é um caminho perigoso sobre o qual os nossos governantes parecem indiferentes.

Foram apenas umas dezenas os ucranianos que se juntaram para receber Volodymyr Zelensky em Lisboa. Recordo que a comunidade imigrante ucraniana é a segunda maior em Portugal, com mais de 100 mil residentes. Isto mostra a divisão que há num país afogado numa guerra desde 2014.

Vários canais russos no Telegram estão a acusar, novamente, a Ucrânia de ter atacado território russo com drones suicidas de fabricação portuguesa Tekever AR3. O ataque, alegadamente com drones portugueses, terá acontecido perto de Armavir, na região de Krasnodar.

O vice-presidente do Irão informou o país da morte de todos os ocupantes do helicóptero, incluindo Ebrahim Raisi, presidente do país, e Hossein Amir Abdollahian, ministro dos Negócios Estrangeiros. Segundo a lei, em 50 dias, o Irão terá de celebrar eleições. Este desastre acontece num momento delicado do ponto de vista geopolítico, uma vez que o Irão dá apoio militar a vários países de forma directa e indirecta, incluindo a Rússia, o Iémen e a Palestina, mas não é esperada qualquer mudança política que altere essa ajuda.

Na quinta-feira passada, as autoridades alemãs deportaram sete soldados ucranianos que vestiam roupa com simbologia nazi, algo que é proibido na Alemanha. Os treinos militares foram temporariamente suspensos.