MURALHA DE LIVROS | Nova Literatura Brasileira, Nova Direita e outras novidades
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por Leônidas Pellegrini
Destaque para romance de estreia Daniel LaierEsta edição da Muralha chega com obras de peso. Entre os destaques, um romance magistral de um estreante da Nova Literatura Brasileira; um “Imbecil coletivo” da nossa Nova Direita; e um livro que atenta para a importância do ensino e do conhecimento da boa e velha Gramática.Ainda, um pequeno e divertido guia sobre medos e fobias, e como lidar com eles; um clássico da literatura infantil sobre arrependimento, misericórdia e redenção; dois volumes sobre a importância do Magistério e da Tradição católica; e uma tradução inédita de um manuscrito do século II a.C., que vai agradar a gregos, troianos e, sobretudo, brasileiros.Confira as novidades a seguir, e um excelente final de semana!DestaquesO primeiro destaque desta semana é um lançamento da Sétimo Selo: <strong>O labirinto do corpo: as massas</strong>, de Daniel Laier.Livro de estreia do autor e primeiro volume de uma trilogia, o romance aborda o drama de Davi, jovem de 26 anos que, cerca de um mês antes de um tão esperado concurso público, sente a primeira dor que mudaria sua vida: uma pontada entre duas costelas, na altura do rim. Apesar da consulta ao médico, a dor persiste e os remédios se demonstram todos paliativos. Começa, então, uma longa investigação pelo <strong>labirinto do corpo</strong>: exames, consultas médicas e cirurgias que revelam apenas sombras no abismo da carne. Uma busca sem fim pelo diagnóstico, durante a qual, por conta do sofrimento, é forçado a rever a própria existência.Neste romance, Daniel Laier opõe-se à estética literária atual: página a página, avança sobre a anatomia da carne e da consciência do seu protagonista, submetendo leitor e personagem à onipresença do corpo, contra a qual Davi se rebela. Do centro de tais sombras de dor e angústia, de embates e incertezas, emerge, porém, pouco a pouco, uma autoconsciência. A cada página, somos levados a nos perguntar: o que resta de nós diante da ameaça de morte?Confira abaixo os parágrafos iniciais da história:<strong>“Davi jamais imaginaria que o bisturi, quando afundasse em sua carne, abriria uma fenda do tamanho de um palmo na barriga, à maneira de um zíper de calça ao ser puxado para baixo, de um ponto logo acima do umbigo à região pubiana.</strong><strong>Na véspera, antes de ser levado por sua mãe à Santa Casa, já estava conformado à ideia daquela segunda cirurgia, pois pensara repetidas vezes, durante o período de convalescença, que se o resultado da primeira biópsia havia sido negativo, o da segunda seria tão somente uma confirmação. ‘Só espero que não talhem o umbigo ao meio como da primeira vez, nem costurem de qualquer jeito, como se lidassem com uma blusa rasgada, desses de ficar em casa”, disse a si mesmo, deitado no leito do hospital, sozinho no quarto enquanto aguardava a enfermeira para levá-lo à sala de colonoscopia, e ouviu de repente o som distante de Für Elise, vindo da camionete do vendedor de gás. Aquela melodia, misturada ao barulho do motor, lembrou-lhe o início dos estudos de música aos treze anos com o Sr. José, que com uma voz calma e grande paciência ensinou-lhe por quase dois anos em aulas de violão clássico a leitura de partituras e os primeiros passos na interpretação de peças de Tárrega e Bach, para então ser substituído pelo neto nas aulas de guitarra por um período de mais dois anos, o que para Davi representou um aprendizado mais importante do que lhe fora ensinado na escola naquele período que antecedeu sua mudança para Campinas, quando teve de interromper pela primeira vez seus estudos musicais para dedicar-se ao vestibular.”</strong>Outro destaque é um lançamento da<strong> Kíron</strong>:<strong> Contra a vida intelectual, ou iniciação à cultura</strong>, de Ronald Robson.Nesta obra que poderia ser chamada de“O imbecil coletivo da direita”, o autor, atento às novas modas e tendências da nova direita brasileira, concentra suas análises em…